terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Gonçalves Dias, o autor da Canção do Exílio ("Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá"), era romântico na poesia e na vida. Dizem biógrafos que um de seus poemas, escrito para a mulher amada, foi por ele copiado com o próprio sangue. Outro episódio citado é o ocorrido em um baile. O poeta, caminhando para ir falar com uma moça com a qual pretendia dançar, viu que ao mesmo tempo outro cavalheiro chegava com a mesma intenção. A mulher, vendo os dois pretendentes diante dela, não sabia que decisão tomar. Gonçalves Dias, então, disse-lhe estes quatro versos que devem ser colocados entre as obras-primas da galanteria:



Senhora, já que podeis

Dizer não e dizer sim,

Dizei sim, mas não a ele,

Dizei não, mas não a mim.



Não lembro qual foi o desfecho, mas acredito que, se não foi Gonçalves Dias quem saiu a rodopiar pelo salão com a moça, essa foi uma das grandes injustiças já presenciadas no mundo.



*****



A poesia às vezes é usada a serviço do humorismo. Millôr Fernandes é um dos que melhor sabem fazer isso. Luis Fernando Verissimo também. No passado, Gregório de Matos se celebrizou por desancar autoridades e costumes com seus versos cheios de veneno. Por isso, passou a ser conhecido como Boca do Inferno. Eu, ocasionalmente, me sinto tentado a fazer uma brincadeira "poética". A mais recente é esta, que menciona filósofos gregos e teria sido escrita por Hortelino Trocaletra, aquele personagem famoso por trocar o "r" pelo "l":



Diógenes, poblezinho,

Vivia vida de cão.

Comia só um platinho,

E Sóclates, um platão.

2 comentários:

  1. Oi Raul
    Acabei de descobrir seu blog, mas li só os últimos posts... como aperitivo. Certamente vou fartar meu apetite quando ler os outros. Um grande abraço!
    Tuna

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  2. Tuna, com leitores como você, precisarei refinar os temas e os textos e temperá-los com requinte.

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