sábado, 17 de abril de 2010

Pequenas alegrias urbanas (32) -- O nome

Todo dia, agora, depois do trabalho ia a um cinema, para embarcar em fantasias e adiar a hora de voltar para casa, onde encontraria a mulher, que já não suportava ver. Naquela noite, assistiu a um filme de uma loira belíssima e famosa cujo nome, porém, esqueceu logo ao sair do cinema. No metrô e nos três quarteirões que andava até chegar em casa, procurou recordar o nome, mas ele vinha, chegava perto, quase se mostrava inteiro e, no instante seguinte, sumia. Em casa, a mulher o aguardava com sua carranca e um jantar frio. Ah, como ele queria lembrar o nome daquela atriz do filme, que era o oposto do que era a mulher. Irritado, começando a comer o feijão insosso, ele bateu a mão na mesa, fazendo balançar o prato e o garfo, e disse à atônita mulher: "Não lembro o nome, não lembro, mas sei que não é o seu, Adélia, não é o seu!"

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