quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ainda Rilke, ainda o amor

Do livro "Cartas do poeta sobre a vida"

"Nunca entendi como um amor genuíno, elementar, totalmente verdadeiro, pode permanecer não correspondido, pois ele não é outra coisa a não ser o apelo urgente e venturoso ao outro para que seja belo, abundante, grande, intenso, inesquecível: nada senão o transbordante compromisso de que o outro se torne alguma coisa. E, diga-me, que pessoa poderia recusar tal apelo, quando é dirigido a ela, quando a escolhe e a encontra entre milhões de seres onde talvez estivesse oculta num destino ou inabordável no meio da fama... Ninguém pode segurar, agarrar e conter em si tal amor: ele é tão completamente destinado a ser passado adiante para além do indivíduo e necessita do amado apenas para que este lhe dê o impulso mais extremo que o lançará em sua nova órbita entre as estrelas."

(Rainer Maria Rilke, tradução de Milton Camargo Motta, editora Martins Fontes.)

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