sábado, 30 de outubro de 2010

Lírica (1.124) - O último romântico

Morrer por amor lhe parecia tão glorioso que toda manhã, ao acordar, ele acrescentava no calendário mais um dia aos tantos em que já estava longe da amada e, doendo-lhe embora essa marcação como um punhal enterrado no peito, dava-lhe a alegria de acreditar que esse ritual e mais o jejum a que se entregava havia uma semana iriam fazê-lo enfim ter a ventura de ser encontrado, talvez ainda naquele dia, romanticamente morto na cama, com a derradeira carta de amor e renúncia nas mãos.

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