terça-feira, 9 de novembro de 2010

Soneto da bem-amada prostituta

Pálida, muito pálida e calada,
 Nos lábios graves um sorriso triste, 
Nos olhos cavos uma luz cansada,
 Assim, tristonha e pálida surgiste. 

 Quis abraçar-te, mas a madrugada
 Crescera imensa em ti, e sugeriste 
Presteza. Tinhas a alma desligada 
Dos gestos, e depressa desvestiste

 O corpo afeito, e o seio propiciaste 
E beijos deste, e as pernas separaste, 
Mas eram frio, murchos, constrangidas,

 E pálida, e calada, foste embora, 
Alheia ao fogo da hora breve, da hora
 Que me dormira as noites maldormidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário