sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O jogo

Acha que aprendeu
afinal a jogar
o jogo da vida

Já era tempo

Sabe agora que a vida
é um jogo de palavras
um trocadilho bizarro
e percebeu que jogar
é não jogar

Viver é simples

É deixar-se ficar
sempre como objeto
à espera do próximo lance
ou como uma corça em campo aberto
chamando as setas e as balas

Não jogamos
a vida nos joga

Não vivemos
a vida nos vive

E se houvéssemos compreendido
isso desde o começo
ficaríamos todos
como ele agora fica
aguardando a seta ou a bala
que acabará com o jogo
ou
se a vida estiver disposta
a jogar com ele mais um pouco
que ela continue traçando
no rosto dele os traços
que quando acabados
lhe darão aquele aspecto resignado
e quase vitorioso
de quem entreteve
um pouco mais a vida
como um rato obediente
entretém um gato ilustre
ou de quem foi julgado
desprezível para receber
ainda que só um minuto antes
do final do jogo
a seta ou a bala
o golpe de comiseração

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