sexta-feira, 17 de junho de 2011

Rosas

Também eu andei procurando nos livros o segredo, a alquimia, e os grandes poetas me mostraram suas flores, perfeitas todas, tão magníficas que a mais bela das rosas do mais multicolorido jardim se envergonharia diante de qualquer uma delas. Encantaram-me, fascinaram-me todas, mas posso colocá-las no vaso, no meio da sala, posso aspirar seu perfume, vê-las completar seu ciclo e, como tudo na terra, morrer honestamente com o último suspiro da tarde? Olho para esta que me deram há dois dias e sua mortalidade me comove mais que a de todas as outras, aquelas eternas, protegidas entre as folhas dos livros, tão soberbas e indiferentes que nada lhes importa se o sol vem ou não visitá-las e se o vento lhes sussurra canções ou chega só para semear pó nas estantes.

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