sábado, 20 de agosto de 2011

Dignidade

Nos últimos meses, sentindo a iminência de se tornar um defunto, começou a cuidar da linguagem, da roupa, dos modos. Às vezes, quando passava por ele uma mulher apetecível aos olhos e que lhe atiçava algo parecido com a febre das antigas primaveras, pensava em como aquilo era incompatível com a dignidade que um morto deveria ter, olhava para o outro lado e, como suprema compensação, se imaginava com o seu melhor terno e gravata, empertigado e coberto de flores.

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