quarta-feira, 9 de maio de 2012

Teu sol, só teu

Hoje cedo, bateu-me à porta um jovem pálido e triste que, proclamando-se poeta, me pediu que eu lhe arranjasse ao menos um pedacinho de sol, para mandá-lo à amada, que já não se satisfaz com os versos apaixonadamente escritos por ele. Armei-me de astúcia e dissimulação e disse-lhe que havia algo estranho naquilo, porque eu jamais tivera nenhum domínio sobre o sol. Era uma informação errada que ele recebera, consegui convencê-lo disso, e respirei aliviado quando ele se foi. Mas tomarei mais cuidado a partir de agora. Não quero privar-te de um centímetro de sol que seja. Se um dia tu, como a amada do infeliz poeta, te aborreceres com meus poemas, que me reste, como forma de homenagear-te, a única que na verdade é digna de ti: a madura exuberância do sol pleno.

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