quarta-feira, 30 de maio de 2012

Volte sempre

Não apalpou os bolsos da calça comprida, a primeira da sua adolescência. A nota que ele economizara abstendo-se de comprar o lanche por um mês, no colégio, tinha ficado no criado-mudo da mulher de olhos encovados que agora, devolvendo-o à rua, lhe beijava o rosto, como se ele tivesse sido também no quarto, como era sempre, um bom menino, e sugeria que voltasse quando quisesse, para refazer aquilo de que ele, pelos seus passos acabrunhados e ombros caídos, já começava a sentir, no estômago e na garganta, uma aflição de nojo.

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