sábado, 9 de junho de 2012

No álbum

Um dia, apontando a foto, alguém dirá: "Ah, esse aí é um tio que morreu de tanto beber, coitado." Isso será daqui a vinte anos. Hoje, sem nem saber que o fotografam, ele está com um copo erguido, em brinde, e sorri como sorrimos todos naqueles momentos em que a vida nos dá uma trégua. Os álbuns familiares estão cheios desses equívocos. Nas fotos, mesmo no rosto daqueles que depois viriam ou virão a se matar há esse odioso traço de rendição, esse inútil e desonesto pacto que fazemos com a vida, como se pudéssemos torná-la mais branda: o sorriso.

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