quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um poema de Sylvia Plath

"NATIMORTO

Estes poemas não vivem: triste diagnóstico.
Seus pés e mãos já cresceram o normal,
As testinhas enrugaram, de concentração.
Se não se perdem ou passeiam como gente
Não foi por falta de amor maternal.

Ó, não posso entender o que há com eles!
São exatos em número, forma e partes.
Ficam tão lindos curtindo como picles!
Ficam sorrindo e sorrindo e sorrindo pra mim.
Mas os pulmões não enchem e o coração não bate.

Não são porcos, nem mesmo peixes,
Embora o ar de porco e peixe que os revela -
Quem dera fossem vivos, como um dia foram.
Mas estão mortos, e sua mãe quase morta de descaso,
Encaram como estúpidos, e não falam dela."

(Do livro "Poemas de Sylvia Plath", tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, publicado pela Iluminuras.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário