segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Um poema de Eugenio Montale

"CÁ E LÁ

Há tempos estamos ensaiando a peça
mas a desgraça é que não somos sempre os mesmos.
Muitos já morreram, outros trocam de sexo,
mudam barba rosto língua ou idade.
Há anos preparamos (há séculos) os papéis,
as tiradas principais ou apenas
"a mesa está posta" e nada mais.
Há milênios esperamos que alguém
nos aclame no palco com palmas
ou até com assobios, não importa,
desde que nos reconforte um nous sommes là.
Infelizmente não falamos francês e assim
ficamos sempre no cá e jamais no lá."

(Do livro Poesias, tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti, publicado pela Editora Record.)

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