domingo, 2 de dezembro de 2012

Um soneto de Cruz e Sousa

"VIDA OBSCURA

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os seres.
Embriagado, tonto de prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!"

(Do livro Poesia de Cruz e Sousa, coleção Nossos Clássicos, publicado pela Livraria Agir Editora.)

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