domingo, 17 de fevereiro de 2013

No jornal (Caetano Álvares) - 22 - Fernão Lara Mesquita

Filho de Ruy Mesquita, Fernão Lara Mesquita trabalhou por muito tempo na editoria de internacional. Todos ali, bem mais velhos que ele, eram sisudos, sérios até o nó da gravata e - talvez por terem a companhia diária do filho de um dos donos do jornal - faziam questão de levar até o limite essa sisudez e seriedade. Eram todos - ou quase todos - ex-seminaristas (e os que não eram gostariam de ser). Lembro-me de uma noite em que Fernão veio à editoria na qual eu trabalhava (primeira página, na época) e, sorrindo, fez uma espécie de desabafo ao editor-chefe, Miguel Jorge, e ao secretário de redação, Luciano Ornelas: "Alguém aqui tem um cigarro? Lá ninguém bebe, ninguém fuma, ninguém fornica, ninguém faz nada. Tudo carola." Aí, fixou os olhos no bolsinho superior do meu paletó, viu meu pente Flamengo e balançou a cabeça: "Aqui só tem doido, mesmo. Pente pra quê?" Ele tinha certa razão. Meus cento e vinte fios de cabelo (uns cem a mais do que hoje) me garantiam já o direito (e o dever) de tecnicamente me considerar um careca ou - como dizia Clóvis Meira, revisor dos melhores - um respeitável alopécico.

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