sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um trecho de Orhan Pamuk

Um homem como eu, cativo havia tempo demais de uma paixão destruidora, continua no rumo que sua razão lhe diz ser errado, mesmo sabendo que ali só encontrará mais desgosto; com o tempo, verá com uma clareza cada vez maior o quanto seu caminho estava errado. Em situações assim, ocorre um fenômeno interessante e raramente assinalado: mesmo em nossos piores dias, a razão não para de falar conosco; ainda que sobrepujada pela força da nossa paixão, continua a sussurrar, com uma franqueza impiedosa, que nossos atos só servem para acentuar nossa paixão, e portanto nossa dor.

(Do romance O museu da inocência, tradução de Sergio Flaksman, publicado pela Companhia das Letras.)

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