quarta-feira, 24 de abril de 2013

E novamente...

... nos cabe dormir sem que tenhamos colhido um fruto. Todos os dias, bem cedo, já estamos, bem visíveis, diante do vasto pomar. O dono nos vê, tanto que nos sorri sempre, e achamos que terá afinal chegado a hora. No entanto, o sol vem, percorre o seu caminho e se vai embora, sem que levemos no bolso um fruto sequer. Nossa boca já esqueceu o sabor de todas as cascas e de todas as polpas. Voltamos para casa jurando-nos que jamais iremos ao pomar. Mas no dia seguinte, talvez para que o dono tenha do que sorrir, lá estamos outra vez. Já não sabemos, olhando as árvores, quais são os frutos que cada uma dá. Nem salivamos mais ao contemplá-las. Nossa impressão é a de que cumprimos um castigo pelo que fizemos numa vida anterior. Talvez tenhamos sido donos de pomares e tenhamos sorrido para os que, de fora, admiravam nossas árvores e nossos frutos.

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