sexta-feira, 17 de maio de 2013

Som, fúria, vazio

O público se viciou durante séculos com a poesia declamada, retórica, bombástica, retumbante, tenorizada, a poesia fragorosa feita de efeitos especiais, de aliterações e de apoteoses wagnerianas que continuam soando mesmo depois de fechado o livro. Aceitou Drummond, engoliu-o, na verdade, e, julgando que essa concessão já bastava, com a morte dele continua esperando uma nova geração de poetas à moda antiga, que saibam descrever uma tempestade no mar ou um estouro de boiada. Quinhentos anos de ruído ensurdeceram o ouvido brasileiro e ele anseia ainda pelo martelar parnasiano.

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