sexta-feira, 31 de maio de 2013

Um desejo forte...

... de ter nascido há muito tempo, na Polônia, na Ucrânia, na Letônia, de ter percorrido o mundo, não por turismo mas por necessidade, e também por necessidade ter mudado várias vezes de nome, e ter sofrido lavagens cerebrais e acidentes, de ter fumado ópio e ter sido escravo braçal em regiões sujeitas a um sol maligno com temperaturas médias de cinquenta graus. Ter estrebuchado cinco anos num hospital, mantido sob drogas poderosíssimas e num coma de uma brancura comparável à de uma planície siberiana no inverno. Ter morrido há muito, muito tempo, e ter sido enterrado sob uma identidade qualquer, Monsieur X ou Mister Y. Ter sido registrado como esse Monsieur X ou esse Mister Y num arquivo comido pelo fogo num incêndio numa dessas aldeias, insuspeitadas pelos mapas, que insistem em se manter anônimas enquanto um tsunami não as coloca nas redes sociais e nas provas da Fuvest.

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