segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um soneto de Shakespeare

"Em mim tu podes ver a quadra fria
Em que as folhas, já poucas ou nenhumas,
Pendem do ramo trêmulo onde havia
Outrora ninhos e gorjeio e plumas.

Em mim contemplas essa luz que apaga
Quando no poente o dia se faz mudo
E pouco a pouco a negra noite o traga,
Gêmea da morte, que cancela tudo.

Em mim tu sentes resplender o fogo
Que ardia sob as cinzas do passado
E num leito de morte expira logo
Do quanto que o nutriu ora esgotado.

Sabê-lo faz o teu amor mais forte
Por quem em breve há de levar a morte."

(De Sonetos, tradução de Ivo Barroso, publicado pela Editora Abril.)

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