terça-feira, 23 de julho de 2013

Escritores de coquetel

Há escritores que um dia estão em Madri, no outro em Frankfurt e no seguinte em Bolonha. Empenham-se em divulgar a literatura, é o que dizem, e são reverenciados por isso. Terão tempo, ainda, de escrever? De vez em quando suas editoras, também devotadas ao trabalho de divulgação, anunciam o lançamento de um livro de crônicas ou artigos publicados no espaço de três anos nos jornais: mirradas setenta páginas. Viajar é preciso, escrever nem tanto. Um desses escritores não arranja quinze minutos nem para ocupar sua coluna quinzenal e é comum os leitores encontrarem a desculpa de que excepcionalmente seu texto não os encantará naquele dia. Como ele mais não escreve do que escreve, seria o caso de a desculpa vir nos raros dias em que seu texto aparece no jornal: excepcionalmente, publicamos hoje a crônica de Fulano de Tal. Houve um tempo em que os jornais eram mais importantes que os escritores.

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