sábado, 24 de agosto de 2013

Kama Sutra - CCLXXV - Márika Voroshenka (13)

Ontem, a pedido de Márika, nos encontramos mais tarde. O sol já estava baixo, e um vento frio começara a rondar o parque. Sua blusa de gola alta escondia inteiramente sua nuca, que (recordo-me de ter dito aqui) é sua parte mais sensível  e gentil às carícias. Assim que nos sentamos, ela me brindou com uma sequência de beijos apaixonados. Essa pressa não é comum nela. Geralmente é nos últimos quinze minutos de nossos encontros que ela se entrega mais. Enquanto procurava corresponder ao seu ímpeto, me veio uma dessas suspeitas comuns nos ignorantes das artes amorosas: seriam os beijos que ela me dava tão generosamente uma forma de não encorajar a minha mão a buscar sua nuca? Eu estava sendo premiado ou castigado? Ainda recuperando o fôlego, fiz subir para a nuca a mão que abraçava seu ombro. A reação dela foi ríspida. "Quer mais ainda?", ela perguntou, me dando um tapa na mão. Foi a primeira vez que vi cólera nos seus olhos azuis. Receei que ela não me beijasse mais, porém ela retomou o movimento dos lábios em torno de minha boca e dentro dela, sem que eu notasse neles uma diminuição de intensidade. Foi, mesmo com o incidente inicial, um de nossos melhores encontros. No fim, já no abraço de despedida, pus a mão ali onde começa a abrupta curva da prodigiosa bunda, e Márika, se bem que tenha deixado claro, desde a primeira vez, que aquele era um prazer por enquanto vedado, não afastou meus dedos dali. Fui para casa zonzo, desnorteado, beijando a mão vencedora. Dormi mal - o que na versão de vocês naturalmente significará que dormi muito bem, embora tenha me virado e revirado a noite inteira na cama, que gemia: Márika, Márika.

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