segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Um poema de Fernando Pessoa

"Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Desejo, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?"

(De Antologia poética, organização de Cleonice Berardinelli, publicada pela Casa da Palavra.)

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