segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Os gritos de amor

Os gritos de amor tentaram sacudir a cidade esta noite, mas não conseguiram mais do que derrubar algumas folhas de árvore nos parques públicos. A cada dia eles se tornam menos confiantes, e longe vai o tempo em que se dispunham a botar o sol abaixo. Estão cansados, os gritos de amor. Eu os vejo agora sentados numa esquina, com o aparvalhado ar de quem calculou mal alguma coisa, de quem falhou num ponto primordial. Eu vejo os gritos de amor ali sentados e sinto por eles a afeição que teria por quatro cachorrinhos que tivessem fugido de casa e se arrependessem da bravata. Eu tenho vontade de pegar os gritos de amor e trazê-los ao colo.

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