terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Kama Sutra - DXXXV

Quando ele e ela se abraçam, nus, o quarto é tomado por uma irritação que logo chega à exasperação. É como inimigos que se tratam nos vinte minutos em que a cama chega a mudar de lugar, com as estocadas dele e as respostas dela, e o criado-mudo cai de pernas para o ar. Não se falam depois, por um bom tempo. Se dissessem algo, seriam certamente palavras que proclamassem a vitória de um, ou de outro. A atmosfera animal começa a se romper só quando ela reergue o criado-mudo, apanha um cigarro, o acende, dá meia dúzia de tragadas fundas e o coloca nos lábios dele, em cujo rosto os traços de humanidade vão se recompondo, assim como os dela.

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