domingo, 26 de janeiro de 2014

No asilo

Os passos serão trôpegos, os olhos ficarão baços, os ouvidos moucos, e dos desejos - poucos - não constarão nem o amor nem a poesia, mas prosaísmos como uma sopinha quente, um bom chá ou um cobertor felpudo. Existirá um inverno para cada mês, uma impossibilidade para cada músculo, uma dor para cada osso, e não haverá mais encanto, nem desencanto, porque a memória já nos terá abandonado, e nos recordaremos talvez apenas do nosso nome, mas nem sempre, e esperaremos vagamente algo que, quando vier, será tão importante quanto uma folha se desprendendo de uma árvore.

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