terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Soneto do sentimento ilusório

Não era amor, mas tanto me doía
E tão fundo no peito descontente
Que não sei se pulsara mais candente
Fosse amor o que a alma constrangia.

E tão grande existiu, inexistente,
Que o sentimento dúbio se arrepia
E a lembrança interroga, dia a dia,
O que a magoava desalmadamente.

Não era amor, é certo que não era,
Que era tudo ilusão de primavera,
Que foi teu corpo inacessível flor.

E me consola, extinto já o desejo,
Que não me tenhas dado nunca ensejo
De lastimar agora um morto amor.

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