terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A força do hábito

Começam a me agradar as viagens que faço dentro daquilo que chamam de turismo médico. Já não encaro com desgosto ou enfado as manhãs passadas na rua Itapeva, na Domingos de Morais, nem as tardes na Labatut e na Azevedo Macedo. Em todos os consultórios e laboratórios encontro já rostos conhecidos entre os outros turistas, e algumas atendentes já sabem meu nome e me dizem que estou bem melhor. Gente simpática. Como custa pouco o conforto espiritual: um sorriso, um aperto de mão. Temo, nesta fase da vida, a derradeira, mudar meu conceito sobre a humanidade. Todos me parecem agora tão gentis, tão generosos. Quase me esqueço dos que me mandaram para estas manhãs de chapas, para estas tardes de diagnósticos, para estes tratamentos que alteram minhas probabilidades de vida de 10 para 15%. E como são gostosos os cafezinhos e as bolachas, depois de tantos jejuns.

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