sábado, 15 de fevereiro de 2014

O direito

Eu trago a morte no peito
como um passaporte
como uma licença
como um direito

Não saio de casa
sem ela no paletó
nem que a vaca lance raios
nem que Deus tussa
nem que se anexe à Polônia
toda a terra russa
e nem que um pervertido
numa lambida só
lamba dos pés à cabeça
a estátua de sal
da mulher de Ló

Não sei se a morte
é um direito constitucional
ou divino
mas sei que
quando chegar a ocasião
não admitirei exceção
nem que um causídico
encontre um preceito jurídico
em alguma antiga ordenação.

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