quarta-feira, 19 de março de 2014

Exortação

Com a ambição de fazer uma literatura clássica, perdi toda a vida procurando temas perenes, e hoje sinto ter desperdiçado todo esse tempo que poderia ser usado para dizer o essencial: que o amor é o único tema que nunca se extingue. Jovens poetas, joguem fora a gravata e o monóculo, deem uma bela banana ao pernosticismo, parem de exaltar montes, rios e mares, e cantem os olhos da amada, sua boca, seus cabelos, porque não há no mundo nada mais para cantar. O eterno assunto da poesia é a beleza dos olhos, da boca, dos cabelos da amada, e o que cabe aos poetas é imortalizar essa beleza, ou pelo menos conservá-la enquanto houver ouvidos humanos capazes de recebê-la com agrado e reverência.

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