sábado, 29 de março de 2014

"Rei da ilha", de Paulo Mendes Campos

"No fim da rua, um pônei rubro, rubro.
No fim da tarde, um muro escuro, um muro.
Descubro alguma coisa mais? Descubro:
Um coração impuro, tão impuro.

Querer guardar esse sinal (querer)
De que minh'alma não morreu? Morreu.
Ser ou não ser como essa tarde (ser)
Que apareceu e desapareceu?

Ser como a tarde que voltou, voltou
Além de meus enganos, muito além...
Eu vou por um país, por onde eu vou,

Onde existe uma ilha, a minha ilha.
Ali não há ninguém. Ninguém? Alguém
Regressará por mim, ó minha filha."

(De Poemas de Paulo Mendes Campos, publicado pela Civilização Brasileira.)

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