sexta-feira, 23 de maio de 2014

"Mexico City Blues - Refrão 230", de Jack Kerouac

"O cemitério populoso da podridão do amor,
O leite derramado dos heróis,
Destruição de lenços de seda
por tempestades de poeira,
Carícias de heróis vendados atados aos postes,
Vítimas de assassinatos admitidas nesta vida,
Esqueletos barganhando dedos e juntas entre si,
A carne trêmula dos elefantes da gentileza
sendo despedaçada por abutres,
Concepções de rótulas delicadas,
Medo de ratos espalhando bactérias,
A Fria Esperança de Gólgota pela Rica Esperança do ouro,
Folhas úmidas de outono contra
os cascos de barcos,
As delicadas imagens de cola dos cavalos-marinhos,
Sentimentais "eu te amo" nunca mais,
Morte por longa exposição à desonra,
Misteriosos e encantadores seres terríveis
ocultando seus sexos,
Pedaços da essência de Buda congelados
e microscopicamente fatiados
Em Morgues do Norte,
Pomos do pênis a ponto de semear,
Mais gargantas cortadas que grãos de areia -
Como beijar minha garota na barriga
a suavidade da nossa recompensa."

(Tradução de Sergio Cohn, extraído da coletânea Poesia beat, publicada pela Azougue.)

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