terça-feira, 14 de outubro de 2014

Soneto das cores que tivemos (versão final)

Já fomos verdes. Nossa verdidão
Com tamanho verdor reverdecia
Que às vezes já nem real nos parecia,
Mas mero fruto da imaginação.

Já fomos de ouro. E nossa cor então
Tão forte e tão esplêndida luzia
Que disparate eu não cometeria
Se a equiparasse às chamas de um vulcão.

Já fomos vivos, já tivemos flores,
Fomos casa de ariscos beija-flores,
Honras de que a memória nunca esquece.

Mas hoje é o cinza-escuro a cor que temos,
Já não brilhamos mais, anoitecemos,
Enquanto a solidão amadurece.

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