segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Dorowa", de Manoel de Barros

"Homens bebem à mesa
De um cabaré de Curitiba.
A obesa Marcelle, instalada,
Engole álcool de coxas flácidas.

A esquelética Lili,
No fim da noite, exausta
Fala mole e tomba
De grandes olheiras no chão.

Ó Dorowa teus 15 anos
Entre ombros de homens bêbados
No cabaré de Curitiba!
Ó Dorowa, teus 15 anos.


Lili, Marcelle, Dorowa.
Dorowa não, Doroty...

Ó vós, que um dia chegardes
Ao cabaré de Curitiba:
Dormi com a Dorowa,
Que está dentro da Doroty.

Dormi com a Dorowa,
Ela está no fundo da Doroty.
Sabei arrancá-la de lá
Na pureza dos 15 anos.

Não deixeis Dorowa morrer,
Ela é a alma que sustenta os poetas.
Não deixeis Dorowa morrer
Como rosa em peito de suicida."

(Do livro Poesia completa, publicado pela Leya.)

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