domingo, 22 de fevereiro de 2015

Perdão, Valeria

Desisti de ler Rostos na multidão, de Valeria Luiselli. Ela fragmentou a narrativa de tal forma que me perdi completamente. Já não sei quem faz o quê, nem quando, nem onde. Venho notando essa deficiência em mim. Mais de dois personagens na trama me confundem. Torno-me cada vez mais um ser que sente, só sente. O raciocínio vai me abandonando. Devo isso ao amor e às torturas que ele me vem impondo durante a vida toda, em seus cárceres. Ponho de lado qualquer texto, se uma de suas dez primeiras palavras não for amor. Viciei-me nisso, não tenho mais como recuperar-me. Não quero. Não quero. Que fique registrado. Não quero. O amor matou tudo que havia de racional em mim. Desculpe, Valeria. Como leitor, sinto que, abandonando pelo meio o seu livro, estou regredindo à era dos trogloditas. Só sei grunhir, e uma palavra me basta e me define: amor. Escreva um livro, Valeria, em que a palavra amor esteja em cada linha, e também nas entrelinhas, e eu o acharei magnífico - como seria este seu, se não fosse tão claramente escrito para adultos.

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