sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

"Uma noite", de Konstantinos Kaváfis

"Era o quarto vulgar e miserável,
escondido no andar de cima da taverna
suspeita. Da janela avistava-se o beco,
um beco imundo e estreito. Lá de baixo
vinham as vozes de alguns operários
que jogavam às cartas, divertindo-se.

Ali, num leito reles, ordinário,
eu tive o corpo do amor, desfrutei-lhe dos lábios
rosados e sensuais toda a ebriez -
tal ebriez dos lábios róseos, que ainda agora,
ao escrever, tantos anos depois,
nesta casa vazia, eu de novo me embriago."

(De Poemas, tradução de José Paulo Paes, publicação da Editora Nova Fronteira.)

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