terça-feira, 22 de setembro de 2015

Alguns trechos de Anaïs Nin

"Os homens costumam se queixar de que as mulheres necessitam de segurança e exigem provas de amor. Os japoneses reconheceram essa necessidade e antigamente era de regra que o homem escrevesse, após uma noite de amor, um poema que deveria chegar à amada antes do seu despertar. Não seria esta uma maneira de vincular o ato amoroso ao amor?"

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"As confissões das mulheres sempre revelam uma repressão permanente. No seu diário, George Sand conta que Zola, seu admirador, obteve dela uma noite de amor; como ela deu livre curso à sensualidade, ao partir ele deixou-lhe dinheiro sobre a cabeceira, para significar que a seus olhos uma mulher apaixonada era uma prostituta."

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"Nós já distinguimos o erotismo da pornografia: a pornografia trata a sexualidade de uma maneira grotesca, rebaixando-a ao nível animal. O erotismo desperta a sensualidade sem precisar rebaixá-la. A maioria das mulheres com as quais discuti concorda com a necessidade de criar uma literatura erótica completamente diferente da do homem; esta não tem nenhum interesse para as mulheres: ela mostra o "caçador", o "estuprador", para quem a sexualidade é apenas violência."

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"A literatura americana está profundamente marcada pelo puritanismo. Este faz o escritor encarar a sexualidade como um vício baixo,vulgar e animalesco. Na falta de outros modelos, certas escritoras os imitaram e conseguiram apenas inverter os papéis: as mulheres se comportam como os homens, fazem amor e partem ao amanhecer sem nenhuma expressão de ternura, sem promessas.A mulher passa a ser o destruidor, o agressor. Essa atitude entretanto não muda o fundo da questão. Continuamos precisando saber quais os sentimentos da mulher e é isto que elas terão de exprimir em seus livros."

(De Em busca de um homem sensível, tradução de Estela Senra, publicação da Editora Brasiliense.)

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