domingo, 6 de setembro de 2015

"Memória amorosa", de Adélia Prado

"Quando ele aparece
bonito e mudo se posta
entre moitas de murici.
Faz alto-verão no corpo,
no tempo dilatado de resinas.
Como quem treina para ver a Deus,
olho a curva do lábio, a testa,
o nariz afrontoso.
Não se despede nunca.
Quando sai não vejo,
extenuada por tamanha abundância:
seus dedos com unhas, inacreditáveis!"

(De Poesia reunida, publicação da Editora Siciliano.)

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