terça-feira, 3 de novembro de 2015

Aos amigos do facebook

Estou saindo do facebook de forma um pouco menos indelicada do que na primeira vez, quando fui abrupto e grosseiro. Para não deixar sem resposta os amigos virtuais e tratá-los como merecem, sem fazer "listinhas" de preferidos, venho passando seis horas diárias lá. Tem sido prazeroso, mas ando extremamente cansado. Sexta eu saio definitivamente. Até lá irei me despedindo, com o carinho que devo a todos. O contato no face é tão direto e "íntimo" que vem me incomodando ver tanta gente boa e honesta ler o que escrevo, comentar os textos comigo (e até elogiá-los), quando me sinto cada vez mais inseguro do que faço e cada dia mais tentado a me considerar um farsante, um homem que se expõe ao máximo, como um pedinte sentimental. Isso não é literatura, é chantagem emocional, é matéria para psicanálise. Aproveito esta palavra (psicanálise) para fazer constar que, assim como na primeira vez, minha saída tem relação com o ingresso, no face, de pessoas que acendem meus mais desencontrados sentimentos e acabam me levando, sempre, à paranoia e à depressão. Uma delas, em especial, me tornou irremediavelmente insano e doente, com uma campanha de desmantelamento psicológico que dura já cinco anos, com tréguas que são também instrumentos de tortura. A ela concedo todos os méritos pela crueldade que tão eficazmente soube usar comigo. Deveria dizer-lhe o nome, para que outros não sejam destruídos, embora certas destruições possam ser consideradas doces por tolos como eu. Tentarei ir curando este homem frágil para buscar em mim alguma coisa que possa ainda, quem sabe, servir a alguém, se bem que apenas como entretenimento. Talvez escreva ainda para este blog, esporadicamente. Gostaria que fossem textos capazes de me levar a uma maturidade que eu já deveria ter atingido. Aqui eu posso ser mais digno. Tenho no máximo cem leitores por dia; no face eram (ou serão até sexta-feira, quando eu me afastar) 1.700 amigos - e por serem isso, amigos, usei-os em benefício de meu ego, dando piruetas e cambalhotas em troca de mimos e aplausos. Sinto muito.

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