sábado, 9 de janeiro de 2016

"Manifesto coprofágico", de Glauco Mattoso

"a merda na latrina
daquele bar da esquina
tem cheiro de batina
de botina
de rotina
de oficina gasolina sabatina
e serpentina

bosta com vitamina
cocô com cocaína
merda de mordomia de propina
de hemorroida e purpurina

merda de gente fina
da rua francisca miquelina
de teresina de santa catarina
e da argentina

merda comunitária cosmopolita e clandestina
merda métrica palindrômica alexandrina

ó merda com teu mar de urina
com teu céu de fedentina
tu és meu continente terra fecunda onde germina
minha independência minha indisciplina

és avessa foste cagada da vagina
da américa latina."

(De Artes e ofícios da poesia, organização de Augusto Massi, edição da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário