domingo, 14 de fevereiro de 2016

Quatro textos de Eduardo Galeano

"A noite/1

Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada na minha garganta."


"A noite/2

Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo."


"A noite/3

Eles são dois por engano. A noite corrige."


"A noite/4


Solto-me do abraço, saio às ruas.
No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua.
A lua tem duas noites de idade.
Eu, uma."

(De Mulheres, tradução de Eric Nepomuceno, edição da L&PM.)

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