terça-feira, 10 de maio de 2016

"Paulo Mendes Campos", poema de Miguel de Almeida

"O poeta não estava em casa
porta fechada, não vi seu rosto
corri aos bares da beira-mar
atravessei avenidas, parei pessoas
e as luzes de neon navegavam
como se a noite estivesse bêbada

os olhos mergulhados na multidão
estranhavam o vento, acordes vadios
voltava das areias o calor da noite
e o coração cativo empreguiçava
por um verso verde, tirado do bolso
decorado na língua enquanto cães corriam
sem vontade de voar

eu batia os olhos pela cidade
como se a noite estivesse bêbada
e procurava pelos cantos o poeta
no olho das meninas.

(De Dobrando esquinas, publicado pela Massao Ohno/Roswitha Kempf/Editores.)

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