quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um poema de Eugenio Montale

"Talvez uma manhã andando num ar de vidro,
árido, voltando-me, verei cumprir-se o milagre:
o nada às minhas costas, o vazio atrás
de mim, com um terror de embriagado.

Depois como em painel, assentarão de um lanço
árvores casas colinas para o habitual engano.
Mas será tarde demais; e eu irei muito quedo
entre os homens que não se voltam, com meu segredo."

(De Ossos de sépia, tradução de Renato Xavier, edição da Companhia das Letras.)

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