terça-feira, 19 de julho de 2016

"O ator", de Pedro Gonzaga

"por fim o ator abre os olhos
entregue ao exercício de catalogar
a intransponível presença das coisas
restos de um banquete
mofo que já une ossos e peles à louça branca

quem pode lavar esses detritos
sem sentir nas mãos a frialdade
dos sonhos sordidamente acumulados

quem pode preservar os sentidos
quando as luzes se acendem
e a natureza se afoga à praia velada
sempre um instante antes de nós."

(Do livro Falso começo, edição da Ardotempo.)

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