sexta-feira, 30 de junho de 2017

"Sob as pontes do amor", de René Depestre

"Vejo-te aos quinze anos amante de tua prima
para ti sua beleza é um fio telegráfico
onde teus desejos pousam seus gritos de pássaro...
Com ela por vezes engolfas-te num rio
que corre sobre a efígie das chamas de seu corpo
e nossas delícias se unem em um rápido sol
e são como luar sobre a noite dos peixes...

Aos quinze anos te vejo unido à Bem-Amada
que fertiliza as famintas glebas de teu sangue...

Oh Bem-Amada então eu não sabia
de mais negra e radiosa missa do que aquela
que baixinho teus seios celebravam
no âmago de minhas veias no âmago de minhas veias!

Ai de mim!

Uma tarde, lembras-te? ela retoma
as chaves de seu corpo adolescente
chaves de meus horizontes
e eis que estás arruinado eis que estás condenado."

(Tradução de Idelma Ribeiro de Faria, Editora Hucitec.)

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