quinta-feira, 15 de junho de 2017

Um trecho de Inês Pedrosa

"Cláudia caminhava pela primeira vez sem destino. Seguiu o cheiro e o som até encontrar o mar inteiro diante dela, um azul imenso, duro e dócil, que transformava a luz numa outra coisa mais forte e escura. Não soube quantas horas ficou sentada naquela rocha, porque subitamente o tempo aparecera para apagar os traços domésticos da existência. Perdeu o domínio do mundo e sentiu-se embriagada por um riso estranho, interior, que não tinha qualquer relação com o seu velho hábito de rir."

(De A instrução dos amantes, publicação da Planeta.)

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