quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Um pouco mais de Henri-Frédéric Amiel

"A minha indiferença é antes adquirida que original. O que é antigo em mim é a desesperança, e a reflexão preferida à ação. O mal de Hamlet é também o meu mal. É, igualmente, a tendência de uma grande parte dos pensadores alemães, e o fundo búdico da doutrina de Schopenhauer. O impulso animal e a vontade são inferiores ao pensamento."

"Que importa a opinião cega, o teu caráter desconhecido, as ingratidões sofridas? Tu não és obrigado a seguir os exemplos vulgares, nem a seres bem-sucedido. Faze o que deves, aconteça o que acontecer, Tens um testemunho, a tua consciência; e a tua consciência é Deus que te fala."

"Como triunfar do mau humor? Primeiro, pela humildade: quando se conhece a própria fraqueza, por que se irritar de a perceberem os outros? São pouco amáveis, sem dúvida, mas estão dentro da verdade. A seguir, pela reflexão: afinal de contas permanecemos o que somos, e se demasiado nos estimávamos, isso é apenas uma opinião a modificar; a incivilidade do próximo nos deixa tais como éramos. - Sobretudo pelo perdão: há somente um meio de não detestarmos os que nos fazem mal e são conosco injustos, é fazer-lhes o bem; vencemos a cólera pela benignidade; não os mudamos, a eles, com essa vitória sobre os nossos próprios sentimentos, mas dominamos a nós mesmos."
(De Diário íntimo, tradução de Mário Ferreira dos Santos, publicação da É Realizações.)

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